Analise do conceito de eu em James e Skinner

“Este coração, em mim, posso experimentá-lo e julgo que ele existe. Este mundo, posso tocá-lo e julgo ainda que ele existe. Pára aí toda a minha ciência, o resto é construção. Porque, se tento agarrar este eu de que me apodero, se tento defini-lo e sintetizá-lo, ele não é mais do que uma água que corre entre meus dedos. Posso desenhar um por um todos os rostos que ele sabe usar, todos aqueles também que lhe foram dados, essa educação, essa origem, esse ardor ou esses silêncios, essa grandeza ou essa mesquinhez. Mas não se adicionam rostos. Até este coração que é o meu continuará sendo sempre, para mim, indefinível” (Albert Camus, O mito de Sísifo).

Dissertação de mestrado
Análise do conceito de eu em James e Skinner
Frederico Dentello
PSE-IP-USP
Programa de pós-graduação em Psicologia Experimental
Instituto de Psicologia
Universidade de São Paulo

Disponível para download na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP:
Dentello, F. (2009). Análise do conceito de eu em James e Skinner. Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Defesa
Data: 30 de setembro de 2009.
Banca: Profa. Maria Teresa de Araujo Silva, Profa. Maria Martha Costa Hübner, Dr. Luiz Guilherme Gomes Cardim Guerra.
Resultado: Aprovado.
Parecer: “O candidato revela domínio do tema e dos autores investigados, alcançando um nível de erudição, com um texto perfeito do ponto de vista gramatical e de encadeamento. Além disso, a obra deverá ter impacto sobre o ensino de graduação e sobre a recuperação do importante papel de William James na construção da Psicologia”.

Resumo
Realizamos um estudo comparativo entre os conceitos de eu tal como formulados pelos psicólogos William James (1842-1910) e B. F. Skinner (1904-1990). No caso de James, a fonte foi o capítulo “A consciência do eu” de sua obra Os princípios de psicologia, a partir do qual relatamos os constituintes do eu empírico, a reflexão do autor sobre o ego puro e a descrição dos sentimentos, emoções e ações do eu. No caso de Skinner, as fontes foram a seção “O indivíduo como um todo” da obra Ciência e comportamento humano e o capítulo “Pensamento” da obra Comportamento verbal, além de alguns outros artigos; discutimos os conceitos de autocontrole e de pensamento conforme o behaviorismo radical, para em seguida definir o eu como um sistema organizado de respostas. Então traduzimos o conceito de eu de James em referências a contingências de reforço: o eu material em termos de filogênese e ontogênese, o eu social em termos de controle de estímulo, o eu espiritual como repertório modelado pela comunidade verbal e o ego puro no contexto dos três níveis de seleção do comportamento humano. Discutimos possíveis influências de James sobre Skinner a partir de relações entre suas teorias psicológicas: a conceituação de eus múltiplos, a rejeição da consciência como substância, a afinidade do empirismo radical com o behaviorismo radical e a ideia de evolução da cultura. Refletimos sobre a atitude de James e Skinner quanto a relacionar dados empíricos a princípios gerais, sobre ambos classificarem a psicologia no conjunto das ciências naturais e sobre as razões de uma suposta morte da psicologia jamesiana e do behaviorismo radical. Finalmente, sugerimos questões para pesquisas posteriores.

Palavras-chave
Análise do comportamento, autocontrole, B. F. Skinner, behaviorismo radical, comportamento verbal, comunidade verbal, consciência, contingências de reforço, empirismo radical, eu, evolução da cultura, fluxo de pensamento, pensamento, subjetividade, William James.

Um comentário:

mcris disse...

Dissertação:

instantâneo em preto-e-branco
(marco numa paisagem sem margens)

e tudo o que vejo é o seu corpo em movimento

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